Suzana Vasconcelos de Melo

O sujeito da modernidade periférica na estética negativa de Graciliano Ramos

Minha dissertação propõe repensar a obra de Graciliano Ramos no contexto da literatura moderna brasileira. Usualmente a obra de Ramos é lida tendo o neorrealismo dos anos 1930 como ponto de partida, e apenas recentemente sua relação com as vanguardas estéticas vem sendo levada em consideração. A análise de uma de suas principais obras, o romance “Angústia” (1936), aponta para uma cisão interna no texto de ordem estilística, discursiva, estética e ideológica, o que fornece instrumentos críticos para repensar tanto o conjunto de sua obra quanto sua relação com a vanguarda estética no Brasil, esta última, presentada pela Antropofagia cultural. Angústia, como um “romance existencialista avant la lettre” (Bosi), concomitantemente situado na transição do vanguardismo cultural para a literatura engajada do modernismo, encena o conflito interno do sujeito da “periferia do capitalismo” – termo emprestado de Benjamin por Schwarz, para caracterizar a obra de Machado de Assis – e uma percepção da modernidade atravessada por uma consciência de pós-colonialidade. A negatividade performada em diferentes níveis da narrativa em Angústia aponta para a inoperância do paradigma hegeliano (posteriormente, marxista) do sujeito da alienação que influencia tanto a Antropofagia cultural de Oswald de Andrade quanto o discurso do sujeito moderno desde o romantismo. Em Angústia, a ânsia por conciliação da modernidade inerente à dialética se transforma em luto de um sujeito urbano diaspórico que se desagrega, restando apenas uma narrativa fantasmagórica construtivista que subsiste a esse processo. Nem por isso a alegoria pós-colonial da subjetividade periférica passa despercebida na narrativa.

Das Subjekt der peripheren Moderne in der negativen Ästhetik von Graciliano Ramos

In meiner Dissertation befasse ich mich mit der Verortung von Graciliano Ramos im Kontext der modernen Literatur Brasiliens. Für gewöhnlich wird das Werk von Ramos im Kontext des Neorealismus der 1930er Jahren verstanden und erst in jüngerer Zeit wird sein Verhältnis zu den ästhetischen Avantgarden ernst genommen. Die Analyse eines seiner Hauptwerke, des Romans „Angústia“ (1936), weist aber auf eine mehrfach bestimmte (diskursive, ästhetische und ideologische) Spaltung innerhalb des Textes hin, die ihn sowohl von dem gesamten Werk des Autors abhebt, als auch ein neues Licht auf seine Beziehung zu der ästhetischen Avantgarde in Brasilien, nämlich der „kulturellen Anthropophagie“,  wirft. „Angústia“ als „ein existenzialistischer Roman avant la lettre“ (Bosi), der wiederum in der Übergangsphase von kulturellem Avantgardismus zur sozial engagierten Literatur des Modernismus situiert ist, inszeniert den Zwiespalt des Subjekts in der „Peripherie des Kapitalismus“ – ein durch Benjamin entliehener Ausdruck von Roberto Schwarz um das Werk von Machado de Assis zu beschreiben – und seine durch ein postkoloniales Bewusstsein durchdrungene ästhetische Wahrnehmung der Moderne. Die auf verschiedenen Erzählebenen performierte Negativität von „Angústia“ verweist auf die Unwirksamkeit des hegelianischen (später, marxschen) Subjektparadigmas der Entfremdung, das nicht nur die „Antropofagia cultural“ von Oswald de Andrade, sondern auch den abendländischen Subjektdiskurs in der Moderne seit der Romantik prägt. Die in der Dialektik enthaltene Sehnsucht nach einer Versöhnung der Moderne verwandelt sich in „Angústia“ in eine ewige Trauer eines urbanen diasporischen Subjekts, das zur Selbstauflösung getrieben wird, sodass nur eine gespenstische konstruktivistische Erzählung übrigbleibt, in der nichtsdestotrotz eine postkoloniale Allegorie der peripheren Subjektivität nicht übersehen werden kann.