28.06.2022
Convite - Palestra: O sequestro da “literatura” tupi-guarani na formação da literatura brasileira
No dia 29 de junho, das 18h15 às 20h00 acontecerá a conferência O sequestro da “literatura” tupi-guarani na formação da literatura brasileira (momentos decisivos)*. A palestra será ministrada pelo Prof. Dr. Adalberto Müller, da Universidade Federal Fluminense (UFF), com a participação como debatedora da Prof. Dr. Susana Kampff-Lages (UFF).
A conferência que será realizada na Universidade de Tübingen (Brechtbau – Raum 327), também terá sua versão online ao vivo pela plataforma Zoom.
Para solicitar o link Zoom, favor enviar e-mail para kim.tiveron-da-costaspam prevention@uni-tuebingen.de
* A conferência será proferida em espanhol.
Briefing do palestrante:
Apesar de ser um país de grande diversidade étnica e linguística, o Brasil se consolidou historicamente como uma nação monolíngue, com o domínio absoluto da língua portuguesa e o abandono progressivo das línguas indígenas como meio institucional, algo que só começa a ser questionado agora, quando novos projetos de lei tentam oficializar a língua guarani (como está acontecendo em São Paulo). Este "esquecimento" das línguas guaranis foi acompanhado por um crescimento gradual do tema do indigenismo e das questões indígenas na literatura brasileira. Do ponto de vista da história literária, o monolinguismo tem seus momentos de "crise" e de tempos em tempos se observa que as línguas e culturas indígenas rompem a superfície portuguesa da literatura brasileira, rompendo o tecido do monolinguismo dominante. Seja por meio do uso do Tupi-Guarani por jesuítas como Anchieta (para fins catequéticos); ou por meio da "simpatia pelo índio" de um Basílio da Gama - que deveria ser relido a contrapelo no contexto de uma história de etno(ge)nocídio indígena; ou finalmente no romântico e modernista "indianismo", que elogia o índio, mas não fala sua língua, com exceção do "cafuzo" Gonçalves Dias. Recentemente, porém, esta situação monolíngue começou a mudar, em obras seminais como Meu tio, o Iauaretê (G. Rosa), Mar Paraguayo (Wilson Bueno) e Roça Barroca (Josely Vianna Baptista).
Neste ensaio sobre leitura (no sentido teatral), proponho um voo rasante sobre alguns "momentos decisivos" da irrupção das línguas "subalternas" (tupi-guarani) na literatura brasileira, a partir do qual a hipótese de uma literatura brasileira mais "inclusiva" e multilíngue poderia ser desenvolvida.
Sobre o palestrante:
Adalberto Müller nasceu na fronteira tri(multi)língue do Brasil e do Paraguai. Ele é Professor Associado IV de Teoria Literária na Universidade Federal Fluminense (Niterói-Rio de Janeiro). Atua como pesquisador e diretor de teses de doutorado em estudos de poesia, tradução literária e estudos cinematográficos. Como Professor Visitante em Yale (2013), pesquisou os vestígios do inacabado Dom Quixote de Orson Welles nos arquivos americanos e europeus e em cinematecas. Publicou 20 livros (ensaios, traduções e ficção), assim como artigos em revistas especializadas e outras publicações. Seus trabalhos mais recentes são a tradução portuguesa de Poesia Completa de Emily Dickinson (Editora da UnB; Editora da Unicamp, 2022) e de O partido das coisas, de Francis Ponge (Ed. Iluminuras, 2022); o livro de contos Pequena filosofia do voo (7Letras, 2021) e A imagem sob a imagem: ensaios sobre arte e literatura (Eduff, 2022). É atualmente Gastwissenschaftler na Universität Trier (Alemanha), com um projeto de pesquisa sobre poesia e mitos Guarani (Mbya e Kaiowa).
Zurück